A vastidão do continente africano e a colonização dos países por diferentes povos refletem diretamente a diversidade de culturas e tradições nativas, incluindo a culinária, as religiões, as danças, a quantidade de idiomas e a música.
Historicamente, a música tradicional africana é antiga, rica e variada. Conhecida por ser bastante rítmica, ela consiste em padrões rítmicos complexos, que envolvem um ritmo tocado sobre o outro, criando a polirritmia. A maioria dos gêneros contemporâneos da música tradicional africana tem como base a música popular ocidental. Diferentes gêneros bastante conhecidos, como blues e jazz, derivam em graus variados de tradições musicais africanas, os quais foram popularizados nas Américas pelos escravos africanos colonizados.
A música popular africana também inspirou o surgimento de outros gêneros latino-americanos, como a salsa, o samba e a rumba. Além disso, a música africana e a Diáspora Negra, fenômeno histórico que se deu em decorrência da imigração forçada para fins escravagistas mercantis, incluem também a música dos Estados Unidos e gêneros afro-caribenhos, como o zouk e o calipso.
Por ser um continente de vasta extensão, composto por 54 países, a diversidade musical africana se expressa em diferentes vertentes, de acordo com as diferentes regiões. No século XX, o antropólogo musical Arthur Morris Jones foi um dos pioneiros a discutir a complexidade e os princípios rítmicos da música popular africana. Em 1959, Jones publicou um livro em dois volumes com uma profunda análise da música tradicional da tribo ewe, composta pelos povos de Gana, Togo, Benim e da África Ocidental.
A música tradicional africana está presente nas atividades cotidianas e podem expressar crenças religiosas ou políticas. Há tipos diferentes de canções, como aquelas que acompanham o momento do parto, do casamento, da caça, canções relacionadas às atividades políticas e músicas para afastar os maus espíritos e para prestar respeito aos mortos, ancestrais e aos bons espíritos.
A civilização do Norte da África, por exemplo, sede do Antigo Egito e Cartago, tem fortes laços com as tradições musicais do Oriente Médio. Ao longo de séculos, a música artística africana seguiu o contorno da música clássica árabe e andaluza. As regiões do Vale do Nilo e o Sudeste Africano, popularmente conhecido como Chifre da África, também mantêm um laço estreito musical com a tradição do Oriente Médio.
A região Sul, que engloba países como a África do Sul, Namíbia e Angola, sofreu influência de ritmos musicais da Europa e da América do Norte. A porção oriental da África Subsaariana, incluindo Uganda, Quênia, Moçambique e as ilhas de Madagascar, em sua grande parte, tem muita semelhança com os gêneros da música árabe, indiana, da Indonésia e Polinésia. Além disso, ela é marcada tanto pela forma popular quanto pela tradição folclórica. Por serem em sua maioria adaptadas ao estilo europeu e divulgadas na língua inglesa, muitas canções dessa região não apresentam o ritmo marcante característico da África.
Realizado anualmente na cidade de Cape Town, África do Sul, o Cape Town Away é um festival tradicional de jazz. Representando o maior festival de música do continente africano, ele preserva o ritmo originado em decorrência do tráfico de escravos africanos aos Estados Unidos, que em sua maior parte eram do oeste da África e levaram ao continente americano uma forte tradição da música tribal. O som do banjo de 4 cordas e dos tambores em conjunto ao ritmo e movimento já fora satirizado e denominado “dança maluca”. À epoca, alguns estados americados proibiram o uso de tambores e instrumentos de sopro pelos escravos a fim de evitar o envio de mensagens codificadas e formações de revoltas. No entanto, muitos escravos passaram a confeccionar seus próprios instrumentos com os materiais disponíveis, e os chefes do plantio começaram a incentivar o canto como estratégia de manter a confiança do grupo. Dessa maneira, a música africana se tornou altamente funcional, tanto para os ritos culturais quanto para o trabalho no campo.
As regiões Central, Austral e Ocidental também apresentam, em menor proporção, influência das regiões muçulmanas da África e, mais recentemente, da Europa Ocidental e das Américas em suas músicas. Na porção Ocidental, é possível encontrar os griots, que são indivíduos cuja vocação é preservar e transmitir as canções e histórias de seu povo. Alguns instrumentos musicais, como o tambor e o corá, são também característicos de países da África Ocidental.